24 de março de 2019

A voz Interna da Dança

Escrito por: Pablo Martinez

A dança sempre foi mais que um motor em minha pessoa, desde tornar-se aquela voz interior que sempre esteve latente...

article preview

A dança sempre foi mais que um motor em minha pessoa, desde tornar-se aquela voz interior que sempre esteve latente à espera de ser ouvida e experimentada, para ser um conforto reconfortante nos piores momentos.

A humanidade sempre procurou explicar sua existência, explicar por que as coisas acontecem ao seu redor e, por sua vez, pensar que as coisas boas são um presente e as más são um castigo, por um ser/seres superiores.

Por que digo o resumo que sempre nos foi dito na escola? Porque no final é praticamente o que ainda continuamos fazendo hoje em dia. Aconteça o que acontecer, esperamos que, lá de cima, se alguém nos observa, dê-nos uma mão ante o que acontece em nosso dia a dia e, se for cumprido, dependendo do contexto cultural de origem, procuramos agradecer de alguma forma. Para mim é por isso que nasceram todas as diferentes formas de arte, essa e a maneira de dar voz àquela parte criativa inata que todos temos e que em cada um de nós se expressa de diferentes maneiras, a arte.

Em mim, se expressa com a dança e o desenho; no entanto eu me concentrei na dança, por quê? Porque como disse antes, tem sido minha melhor aliada, mas como em qualquer relação houve momentos de luta, raiva, frustração, alegria, mas acima de tudo de cura e é ali, durante todo meu processo pessoal que descobri viver a dança.

Provei esse processo em minha insegurança, meu medo de rejeição, medo de tomar decisões, minhas dúvidas, a péssima comunicação com meus pais e tudo o que me afogava, o transformava em movimento durante as aulas, apresentações, passeios... Provava inalar e exalar, usar a força ao ressoar a terra com os pés para dar expressão aos meus braços e oferecer tudo o que me pesava para expressar com o coração.

Transformando tristeza em um sorriso vindo de dentro de mim, sentia ao oferecê-lo que o recebia também, como se fosse um canal que recebe e dá. Por dentro algo flui, uma força ou energia, como queiram chamá-lo e ao final me sentia em paz.

Pablo dançando na rua

Como se naquele momento, que por alguns minutos eu podia me conectar com aquela força interna e, que graças a isso, eu tinha a força e a convicção de enfrentar o que estava por vir; por exemplo, tomar a responsabilidade por minhas más decisões, o que pode acontecer a muitos, mas que gostaria de mantê-las em uma caixa e enterrá-las na parte mais profunda da Terra, para que o mundo nunca descobrisse como agi mais de uma vez. Sem dúvida, mais uma vez a dança me ajudou a deixar ir minha maior fraqueza, como dirão, o peso do julgamento, sobretudo o meu próprio; porque ao escutar meu corpo, posso me conectar com essa parte profunda de mim, a parte mais humilde, amorosa e amável que muitas vezes não tenho consciência de tê-la e esqueço de expressá-las.

Ao final, sempre estamos conectados entre nós, a esse “SER” universal e quando experimentamos nos conectar com nossa parte mais profunda, podemos sentir esse vínculo entre nós mesmos e, por um momento, descobrir que não somos o centro do mundo e que está tudo bem.

De todos os medos e dúvidas que tínhamos, fomos capazes de tirar força e nutrir exatamente o contrário, assim como penso que nossos antepassados faziam; não importa a origem do mundo, temos as mesmas formas de conectar, de vibrar, de curar. Só a história muda um pouco, mas sei que ninguém resiste a um ritmo musical sem evitar uma resposta corporal.

Este é o contexto de Dançante, uma terapia com a dança que graças a La Jardinera e a Lucía foi possível desenvolver, para poder ajudar a deixar ir, a soltar e se reconectar com nosso ser profundo, sacar essa luz que cada um de nós leva dentro e que aconteça o que acontecer, sejam quais forem as provas temos a força para superá-las.

imagem de pablo

Junte-se à nossa rede de escritores e comparta seu conhecimento em nossa plataformaContribuir
Escreva seus comentários